Páginas

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O cronista de rosto pelado

corrompido por um (único) comentário, feito velho olhando pra trás, resgato mais uma croniquinha de outros dos livretos artesanais (ou caseiros) de juventude.


JÁ PENSOU SE...

Comia certa tarde numa “fast food” quando me veio uma pergunta curiosa à cabeça. Uma daquelas coisas de criança, com caráter bem imaginativo que começam com: “já pensou se...”. Pois é, foi assim: não sei porque, nem de onde. Talvez obra do ócio. A pergunta, um grito pela cultura do inútil, desencadeando uma série de imaginações estúpidas. A pergunta:


"Já pensou se gergelim andasse?"

Imaginei uma mulher grávida, daquelas que enjoam até de olhar para parede branca, com o desejo de comer um dos super-hambúrgeres de uma destas lanchonetes. Quando recebe o sanduíche vê fervilhando aquela centena de gergelins eufóricos tentando fugir. A tragédia estaria feita.

Quem sabe a confusão que seria, num dia de domingo, lanchonete lotada e os clientes discutindo:

— Ô, rapaz, devolve esses gergelins que eles são meus!

— O que eu posso fazer? Foram eles que pularam na minha bandeja.

— Você vai ter que pagar o meu lanche.

— Nada disso! Eu não vou pagar o seu sanduíche só porque o senhor não soube ensinar boas maneiras aos seus gergelins.

Imaginem as mães preocupadas com as crianças que correm atrás dos gergelins fugidios enfiando-se por baixo das mesas. Ou aquele casal cochichando:

— Não olhe agora, meu bem, mas eu acho que os gergelins do cliente da mesa ao lado estão se escondendo no nosso pacote de batatas.

Ou ainda:

— Meu amor, gergelim sabe nadar?

— Que eu saiba, não.

— Então, acho que um deles acabou de se suicidar no seu copo de refrigerante.

Até que seria engraçado ver os manifestantes do GreenPeace invadindo as redes de fastfood, todos nus e de traseiros depilados, simbolizando pães sem gergelins. Uma reivindicação pela criação da lei de proteção ambiental dos gergelins no período de reprodução da espécie.

Pior. E se tentassem uma revolução?

— Atenção! Atenção! Um grupo extremista de gergelins terroristas acaba de tomar clientes e funcionários de uma importante lanchonete no centro da cidade como reféns. Eles exigem a criação de um estado independente para exercerem sua livre religião. A qualquer momento voltamos com mais e más notícias.

Um dia, talvez, ouviríamos os gritos do jornaleiro anunciando:

— Extra! Extra! Pão de Açúcar recebe gergelins refugiados políticos do pão de hambúrguer!

Sendo reconhecidos como uma nova espécie animal, poderiam se tornar símbolo do país e, quem sabe em breve, veriamos no lugar da onça pintada a figura de um gergelim estampada nas notas de cinqüenta.

Bem, é melhor encerrar esta crônica antes que comece a imaginar moedas cunhadas com o rosto de algum Adolph-Gergelim-Hitler, o revolucionário que comandou a campanha dos gergelins contra a raça humana.

4 comentários:

  1. Muito bom! hahaha

    (além: imagina se eles evolouíssem, estilo digimon? Pô...)

    ResponderExcluir
  2. Será que os gergelins iriam se apaixonar pelas sementes de mostarda, pelas ervilhas, etc.....?!

    ResponderExcluir
  3. Nem fértil a imaginação né?! rsrs'

    ResponderExcluir
  4. como assim??gergelin mão anda???
    então acho que comi um hamburguer com formigas!! rsrsrsr

    ResponderExcluir