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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Destino

Andava numa felicidade sem precedentes. Foram muitos anos amargando tropeços, mas a sua sorte estava para mudar. Uma cigana lhe vendeu esta convicção ao preço das moedas que ele tinha nos bolsos, nenhum centavo a mais ou a menos. Bastou que a mulher visse dinheiro em seu caminho para ele, imediatamente, deixar a prudência de lado e abraçar a crença de olhos fechados. O bom devoto, afinal, é a necessidade quem faz. Desdenhou dos conselhos amigos e passou, sim, a contar com os ovos na galinha. O que era seu estava encomendado. Para desfazer dos cuidados adotava ditados de última hora e reles grandeza. O que é do homem, o bicho não come. Reassumiu antigas dívidas e abriu novos crediários. Na festa que planejou para marcar a sua nova fase, só pôde comparecer de caixão lacrado. Andava numa distração sem precedentes, enquanto o carro-forte levava, em alta velocidade, o dinheiro ao seu destino.

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