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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Averbação

No começo, ele. Sem tempo ou corrosão. Tudo e apenas ele. Sem verbo. Sem danação. Somente coisas sem palavras. Nem ordens, nem nomes. Tudo desapropriadamente livre, solto. Apenas ele, colocado fora do caos. Punição? Tudo ordenadamente lindo e belo. Até que um silêncio, um sono profundo. Armadilha? Sob o arco da respiração, a fratura. Então, ela. Dois. Nada mais. Tudo e apenas eles, apropriadamente livres. Quase silêncio. Nenhuma treva ou maldição. O tempo inteiramente tempo, completo, absoluto. Ou nenhum. Os corpos insensíveis às nódoas. Sem verbo, sem corrosão. Apenas ele e ela. Eternidade? Paraíso? O sumo de um fruto espremido, consumido. Então, o verbo. O primeiro de muitos e muitos. Proibido? O verbo, a carne, o sangue. Averbado o princípio da invenção. Deus?

Um comentário:

  1. Grande Alexandre,
    arrasou na exacerbação metafísica. Desse jeito é bom, porque a gente fica com mania de ser Deus.
    Beijão e ótimo final de semana.
    Alaor

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