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domingo, 12 de dezembro de 2010

Glutões dominicais

Os glutões dominicais refestelam seus corpos empanturrados procurando os cantos mais frescos da casa. Ensebam móveis e pisos com suas extensas superfícies de pele gordurosa. A boca entreaberta, a respiração ofegante. Tudo é estômago e transpira, seja carne, parede, ou mesmo os sonhos que gelatinosamente se movem dentro de suas cabeças pendidas. Decidiram-se pelas porções mais bem servidas. Pediram para caprichar, assim como foram ensinados a fazer, assim como é preciso que façam para tirarem sempre o melhor proveito e impedirem de serem enganados. Pagaram para comer e comeram porque pagaram – tudo, até o último grão. Nada pode ser deixado para trás. Não podem ser passados para trás. Nenhuma vantagem tirada às suas custas. Precisam sentir que saíram no lucro, que se deram bem. Por isso lambem os beiços, os pratos e fazem embrulhos para os cachorros. Depois balançam morosamente os seus rabos, em intensa sudorese, até a casa. Talvez, alguma coisa presente na consistência semanal dos domingos incite esta espécie de glutonaria familiar. Um estranho prazer que se esparrama e sufoca as calorosas horas da tarde com o peso de seus corpos repletos de pêlos, flatos e quilos e quilos de merda, que serão dissipados ao longo da longa noite de maravilhados gemidos e intensas contrações.

2 comentários:

  1. Grande Alexandre,
    flatular não é para pássaros...
    Dai a gaseificação dos parentes.
    Gradíssimo texto.
    alaor

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  2. porraaaaaa que texto do caraiu!!!
    Parabens!!!
    Muito Bommm!!!!!

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